A situação em Fukushima

O episódio com minha participação no Rock com Ciência já está no ar, confiram lá!

Talvez vocês tenham se perguntado porque eu não escrevi antes sobre a situação em Fukushima depois do terremoto e tsunami que abalaram aquela usina nuclear. As razões foram duas: primeiro, as informações eram muito desencontradas e cada fonte dizia uma coisa. Eu rapidamente abandonei a mídia tradicional; de fato, a mídia tradicional fez uma tamanha bagunça a princípio, confundindo unidades, não explicando quanto tempo os trabalhadores e cidadãos de Fukushima ficaram realmente expostos etc. que se tornou impossível confiar nos relatos alarmistas repetidos em toda parte. Passei a seguir os boletins da Agência Internacional de Energia Atômica e, quando apareciam em inglês, os relatórios da Tokyo Electric Power Company, dona da usina.

Segundo, e muito mais importante, a situação lá continua a evoluir. Os trabalhos de emergência estão sendo muito limitados por causa da destruição no resto do país. No programa de rádio eu mencionei a origem da crise: a usina desligou automaticamente durante o terremoto e os sistemas de resfriamento entraram em ação – até serem derrubados pelo tsunami. Em seguida tudo continuou funcionando enquanto as baterias de emergência duraram; e só depois disso é que medidas de resfriamento alternativas tiveram que ser implementadas.

Enquanto escrevo estas linhas o maior problema agora é o despejo de césio e iodo na água do mar. Este é o desenvolvimento mais sério até hoje, mas ainda não atingiu um nível de catástrofe como Chernobyl. Pode vir a ser? Pode, mas eu acho que não. E não acho porque os núcleos dos reatores estão razoavelmente bem selados até agora. É melhor que o despejo de material contaminado no oceano seja contido nos próximos dias, mas por enquanto — por enquanto — uma catástrofe irreversível ainda não ocorreu.

Eu só espero que aqueles bravos trabalhadores da usina recebam as justas homenagens quando tudo isso passar.

2 Respostas to “A situação em Fukushima”

  1. flavia Says:

    eei, mas tipo… a situação lá com relação aos moradores, foi resolvida?

  2. Daniel Bezerra Says:

    “Resolvida”, como em não existir mais risco para ninguém nas vizinhanças? Não, de maneira nenhuma. Lembre que até a evacuação é difícil neste momento, porque as estradas estão péssimas e porque a infra-estrutura do resto do país foi seriamente atingida.

    Como escrevi acima a situação é fluida e evolui a cada dia. Agora mesmo estão fazendo uma nova monitoração dos índices de exposição em crianças, sempre as mais vulneráveis em situações como essa. A situação dos moradores só vai se resolver mesmo, penso eu, todos os vazamentos e emissões de todos os reatores forem finalmente contidos.

    Depois disso uma real avaliação de todos os danos poderá ser feita e tratamentos devidos implementados.

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